Banhos
(Steve Lodder and Mônica Vasconcelos)
Watching the waterfall, feel the fall of the water
The ice drops fall, feel the flow of the water
The droplets fall, feel the force of the water
Flowing on
Banho de mangueira, showers in the garden
Junto da roseira, showers from the hose
Ducha no quintal, showers from the waterfall
De bica d’água, de água do poço
De queda d’água, cascateando
Deito na pedra e deixo-me banhar
Olinda está em brasa e falta água em casa
Jeito é tomar banho no quintal de Laidi
Puxa lá do poço, despeja com o caneco é bom
Só as meninas, na noite quente
Tantos segredos e o banho da gente
É banho sem medo é banho confissão
Banho que delícia no calor danado
Tudo nu pelado banho descarado
Só de namorados, banho sonho de verão
No rio manso, no mar zangado
De tromba d’água ou na piscina
Banho de beijos, banho de luar
London in the Summer, aqui quando faz sol
Ingrid me leva we go swimming in the pond
Banho de lagoa, swimming in the Serepentine
O mundo inteiro tomando banho
De Copacabana até o Eufrates
Do banho de gato à chuva de verão
Canto Pra Cira
(Chris Wells and Mônica Vasaconcelos)
Cira contou que inda menina
Já tinha o dom de fazer chorar
Prima Geni vinha pedir
Cante Lucira pra me agradar
Cira subia no cajueiro
Prima Geni a se balançar
Mal ecoava o lamento de Cira
Geni desatava num choro sem fim
Bela Lucira vem dançar
Que o nosso canto é pra você
Linda cabocla vem sorrir pra gente ver
Dança que é pro povo aprender
Índia Lucira vem mostrar
Como é que canta o sabiá
A hamburguesa, a andorinha, o bem-te-vi
Canta pra gente, Lucira
Vestidinho
(Ife Tolentino, Mônica Vasconcelos
and Steve Lodder)
Oi que um dia me chega de repente
Um pacote, um presente de mainha
Que mandou de Recife pra bichinha
Vestido de princesa, de rainha
O vestido é de um pano bem molinho
Curtinho, brejeiro, cor de arco-íris
E o bilhere: “Ô pretinha, se tu tem frio
Bota o vestido pra chamar o Sol”
O céu tava azulzinho, um calor tão gostosinho
Achei boa desculpa pra botar meu vestidinho
Mas menino, será mandinga ou será provocação?
Deu de chover forte, chuva quente boa de verão
Eu olhando da janela, foi me dando uma secura
Um desejo tão danado de tomar banho de chuva
O galego não atinou quando a princesa do mato
Dançou no aguaceiro de vestido e sem sapato
A morena sem juízo tomando um banho de chuva
Oh mãe, o vestido é tão bonito
Mas mãe, o danado tem feitiço
Oh mãe, o vestido é tão formoso
Mas mãe tá ficando perigoso
Guizim
(Ife Tolentino and Mônica Vasconcelos)
Toda manhã na escolinha
Ele chorava junto ao portão
Gui, chora não, ela vai voltar
Vem, meu irmão, não fica triste não
Vem que aqui tem balanço e tem jardim
Logo, logo o susto vai passar
De madrugada vinha o Guizim
Bem de mansinho me acordar
Mô, vem brincar, chega de dormir
Fica comigo, tá tão chato aqui
Vem, que eu te conto onde é que a mãe guardou
O Confetti e o Lanceh Mirabel
Ah Guizim são tantas as minhas lembranças
Diz, por que é que eu choro quando eu penso em nós?
Tanto tempo faz mas eu inda te vejo
Mil cachinhos louros e os zóim fechado
Gui, chora não, ela vai voltar
Vem, menininho, fica triste não
Vem, dá tua mão que eu quero te mostrar
O esconderijo dos tatus
Coisa de Fome
(Steve Lodder and Mônica Vasconcelos)
Um aceso, um arrepio
Tá queimando a luz apagou
Tá brilhando o fogo pegou
Na calada da noite rugiu
Quem conhece sabe onde é
Eles dançam na ponta do pé
Eles sabem que tudo é em vão
E dançam pra longe o escuro
A fogueira combate o escuro
Poemas em movimento
Poemas são sentimentos
E dançam como dançou
O homem antes do verbo
E dançam sem nem dar um nome
Porque dança é coisa de fome
E fome é coisa do homem
Na calada da noite eles vem
Quem conhece sabe onde é
Os pés batendo no chão
O chão na ponta do pé
E dançam, mas estão parados
E a lança porque é preciso
O pé no chão rito antigo
De vida, de gozo e perigo
O pulso antecede a razão
O grito antes do não
O grito antes do vão
E enquanto tem fogo e fogueira
Eles dançam a noite inteira
E dançam sem nem dar um nome
Porque dança é coisa de fome
E fome é coisa do homem
Bate o pé quem tem
Fome em noite de fogueiral
Fome bate o pé quem tem
Hoje a noite é de fogueiral
Nega Deleite
(Mônica Vasconcelos
and Steve Lodder)
Nega Deleite
Escuta a nega do leite, a nega do leite
Escuta a nega do leite
Grita a nega do leite, a nega do leite
Grita a nega do leite
Ó o leite, ó o leite, ó o leite, ó o leite
Quem vai comprar do meu leite
Vem depressa é vem gente
Que essa nega do leite
Não demora chama e vai-se embora
Boca cheia de dente
Essa nega é um presente
Dá bom dia pra gente
Continua a cantar
Ó o leite
Samba a nega do leite
Ó o leite
Grita a nega do leite
Ó o leite escuta a nega do leite
Quem vai levar?
Arquitetura
(Steve Lodder, Mônica Vasconcelos
and Adriano Adewale)
E cabe tudo ali na mala do meu carro
Esquadros e compasso, nanquim, papel cigarro
O meu parangolá, arestas e tangentes
Meu mundo e uns treco a mais na minha Variante
Meu coração arquiteto é fiel ao seu projeto
Eu faço casa de gente, sou mão na massa
Sou mão nessa corrente
Meu coração visionário quer sonhar, Niemeyer
Com belos planos e retos, curvas no concreto
Me falta muito pouco, eu sei do essencial
Na mão vai a prancheta, na cabeça o ideal
Eu sei, não sou bonzinho, só faço minha parte
Um pouco de carinho vai pra comunidade
Meu coração é Roberto, é razão e é sentimento
Me amarro nos poliedros, sou Platão
Sou cabelo ao vento
Meu coração vê mais graça quando vê de outro jeito
Me espera prum bate caixa
Filosofia com cachaça
Menino (Jaboticaba)
(Phil Dawson, Mônica Vasconcelos
and Andrés Lafone)
Cadê menino do olho preto bola
Jaboticaba o olho que me olhava
Cadê menino, cadê Tuíno?
Menino às vezes se empolgava
E tropeçava nas palavras
E tanto amor dava na gente
Menino tímido inseguro
Que eu protegia do futuro
Te quero forte, não importa a sorte
Voa menino um voo lindo
Deixa eu ver
Cadê menino do olho preto bola
Jaboticaba o olho que brilhava
Cadê menino, cadê Tuíno?
Menino quis voar sozinho
Soltou a mão devagarinho
Olha o menino
Olha o Tuíno
Voou menino, seu destino
Voou, voou
Sabonete do Mato
(Steve Lodder and Mônica Vasconcelos
Lyrics based on a poem by unknown author)
Pra esses óio, morenos óio
Não acho, não tem acomparação
São dois santo ou dirá dois cão
Padre, novena na noite de Natá
Esses teus óio, morenos óio
Coaiada no prato e no meio
Dois sabonete do mato
Eu juro, esses óio não têm acomparação
Juro por tudo até pela santa
Que só mesmo a mãe do senhor Jesus
Tem uns óio moreno uns óio
Arrepito, uns óio bonito assim
Óia moreno que tu me chega
Com esses teus óio de noite escura
Ó que eu fico contrariada
Quem deu de inventá tentação assim?